quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A história da nossa disciplina III

Noam Chomsky (1927- ) pai do gerativismo
       A linguística gerativista rompeu com a linguística como era praticada, de forma hegemônica. Para ele, o fato empírico central para os linguistas é a aquisição da linguagem pelas crianças que dispõem de um conhecimento inato que as orienta no processo de aquisição da língua. Para o linguista, a tarefa básica é criar um modelo do mecanismo inato, chamada tecnicamente de "gramática universal".
      No caso da diacronia, sendo a gramática vista como um sistema de regras, as mudanças alteraram as regras da gramática, eliminando algumas e introduzindo novas, reordenando sua aplicação.
      No final da década de 1970, abandonou seu modelo de gramática e adotou um novo modelo, inclusive introduziu a ideia de que a GU restringe as gramáticas possíveis, mas admite caminhos alternativos.
     Assim, a linguística gerativista retoma a perspectiva, já antiga em linguística, de abordar as línguas humanas tipologicamente: mesmo que cada língua fixe os parâmetros variáveis da GU de formas diferentes, há coincidências na fixação de determinados parâmetros, reunindo as línguas por esses critérios em subconjuntos que partilham características comuns.
    Com as alterações, houve grande repercussão nos estudos diacrônicos. Assumindo a noção de parâmetro variável, aproxima suas análises diacrônicas aos estudos tipológicos, de grande interesse para os linguistas desde o século XIX.

Análises tipológicas

     Realizar classificações das línguas humanas é trabalhar com tipologias. As línguas são reunidas em famílias e subfamílias ou grupos e subgrupos, pelos linguistas. As primeiras propostas sobre a possibilidade de agrupar as línguas por critérios estruturais foram feitas no século XIX por A.W. Schlegel em 1818 e mais tarde por Schleicher, em 1856. Formavam como critério características da organização morfológica das línguas.
      Outros linguistas do século XX, buscaram elaborar classificações mais minuciosas como Sapir em seu livro "A linguagem" e Joseph Greenberg (1915-2001), linguista norte-americano. Esses estudos contribuem pois trazem dados de diferentes línguas, o que constitui uma contribuição sempre positiva para qualquer disciplina científica pois, o material empírico é parte essencial do trabalho da ciência.
      
      O gerativismo trouxe para a análise diacrônica um refinamento metodológico mais preciso e mais elegante que os tradicionais. Trouxe também um certo rigor analítico. Já os estudos tipológicos têm trazido um conjunto de dados de diferentes línguas, contribuindo de forma positiva para qualquer disciplina científica. Ambos pautam sua interpretação da mudança por critérios fundamentalmente imanentes. Ambos não passam de continuadores contemporâneos das perspectivas teóricas que excluem da história das línguas os falantes e sua complexa realidade histórico-social.
       Leightfoot (linguista gerativista) tem insistido numa divisão de trabalho nos estudos diacrônicos: à teoria gramatical (lida com a língua), mudanças estruturais e às outras teorias. Reconhecendo a importância dos fatores ambientais, Leightfoot parece delinear uma proposta de futura unificação das teorias que hoje caminham em paralelo.

                                                                                          Leila Gonçalves
Fonte: Faraco, Carlos Alberto - Linguística histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas/ São Paulo: Parábola Editorial, 2005. Capítulo 5: História da nossa disciplina

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